Martim, de cinco anos, acaba de conseguir andar pela primeira vez de bicicleta sem rodinhas. Parece se sentir muito orgulhoso, e a família em peso é convidada a assistir à proeza. Algumas semanas mais tarde, Martim continua a andar de bicicleta "como uma pessoa crescida", mas sente-se menos orgulhoso: as suas pretensões evoluíram com o sucesso; o seu objectivo já não consiste em andar de bicicleta sem rodinhas, mas em andar tão depressa como o Tomás, o irmão mais velho. Dentro de algum tempo, será certamente andar sem mãos.
Todos nós experimentámos este fenómeno: após um primeiro sucesso, a nossa auto-estima aumenta consideravelmente e ficamos muito contentes. Depois habituamo-nos a um êxito cuja repetição já não nos transmite o mesmo prazer intenso da primeira vez e não estimula a nossa auto-estima, parecendo-nos quase normal. Se o êxito continua a ser um alimento importante da nossa auto-estima, é mais para a manter, a um bom nível do que para a aumentar. Para a fazer progredir de novo, elevamos logicamente as nossas pretensões, procurando sucessos cada vez mais patentes, ou noutras áreas.
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